Autoridades do Quênia revelaram que centenas de professores escolares do país foram demitidos por abusar sexualmente de alunas.
A maioria das vítimas são adolescentes, mas há casos envolvendo meninas com nove anos de idade.
Um funcionário do Ministério da Educação queniano disse que uma linha telefônica confidencial criada para ajudar vítimas nacionalmente expôs a gravidade do problema.
Segundo o correspondente da BBC para o leste da África, Will Ross, grande parte dos casos ocorre em escolas primárias em regiões rurais.
O funcionário disse que embora haja normas proibindo qualquer tipo de intimidade entre professores e estudantes, centenas foram punidos por beijar, tocar ou até engravidar meninas.
Só neste ano, 550 foram demitidos.
E segundo o presidente da Teachers Service Commission (TSC), Ibrahim Hussein, a comissão de professores do país, 600 membros tiveram seus nomes retirados dos registros da entidade no ano passado por engravidar alunas.
Em entrevista ao jornal queniano Daily Nation, Hussein disse também que a comissão relatou o problema à polícia e que, portanto, além de perder seus empregos, os professores podem ser indiciados criminalmente.
Ele criticou, no entanto, as ações de alguns pais, que optam por fazer acordos com os infratores fora do tribunal.
"O número de professores demitidos e levados a tribunais pode parecer pequeno, mas o assunto é preocupante e precisamos do apoio dos pais e da comunidade para que isso tenha um fim", disse.
Hussein pediu aos pais que permitam que as meninas afetadas voltem para a escola após o nascimento dos bebês para que sua educação não seja prejudicada.
Segundo a TSC, há estimativas de que apenas 10% dos casos cheguem ao conhecimento da comissão. O restante seria abafado na própria escola e na comunidade.
Hussein disse que diretores de escolas receberão treinamento especial para lidar com casos de abuso sexual.
Membros do Kenya National Union of Teachers (Knut), o sindicato nacional dos professores do Quênia, disseram ao jornal online queniano The Standard que apoiarão os professores acusados até que se prove, em tribunais, sua culpa.
Segundo o sindicato, em grande parte dos casos os professores são acusados mas os verdadeiros culpados são o clero ou até a polícia.