Em São Paulo
Farra das passagens, Castelogate, mau uso de verba pública, nepotismo, mensalão do Democratas... Reunindo os escândalos na Câmara dos Deputados e no Senado de janeiro do ano passado até agora, às vésperas das eleições, 141 parlamentares foram citados em acusações do tipo. Desses, 128 (104 deputados e 24 senadores) são candidatos nas eleições de outubro.
O levantamento foi feito pelo UOL Eleições, a partir de dados do Monitor de Escândalos e de informações de gabinetes e assessores logo no início do horário eleitoral obrigatório.
Nesse grupo de deputados, que inclui aqueles que ainda podem ser barrados pela lei da Ficha Limpa, há pelo menos 88 candidatos à reeleição. Nove postulam vagas no Senado. Dois tentam ser governador e dois aspiram ser vice-governadores.
Dois buscarão se eleger deputados estaduais. O presidente da Câmara, Michel Temer (SP), também citado em escândalos, é companheiro de chapa da petista Dilma Rousseff. Também está na lista o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), chefe do partido que deu o vice do presidenciável José Serra (PSDB).
Deputados envolvidos em escândalos que são candidatos neste ano:
Apenas dois desses deputados desistiram de concorrer neste ano. Mas entre eles não estão Edmar Moreira (PR-MG), dono de um castelo com origem suspeitos, no interior mineiro, ou Fábio Faria (PMN-AL), que levou artistas e amigos para viajar às custas de recursos públicos. Estes não abriram mão da disputa e saíram candidatos à reeleição.
Os dados indicam que, desde o início do ano passado, 20% dos parlamentares da Câmara e 43% do Senado estão comprometidos com denúncias. Há 513 deputados e 81 senadores ao todo. Entre os deputados, dos 106 envolvidos em irregularidades, 104 se candidataram. No caso dos senadores, 35 foram citados em escândalos e 24 são candidatos.
Nenhum parlamentar deixou o cargo por conta das revelações. Alguns afastaram assessores ou trocaram de partido, mas os interessados em concorrer estarão no páreo em outubro - a não ser que a lei da Ficha Limpa os impeça. Os citados e as justificativas que eles deram (ou não) para os casos em que foram implicados está neste link.
Os envolvidos pertencem a 17 das 19 legendas com representação no Congresso: DEM, PDT, PHS, PMDB, PMN, PP, PPS, PR, PRB, PSB, PSC, PSDB, PSOL, PT, PTB, PTdoB e PV. Nenhuma sigla, diz o diretor-executivo da Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo, tomou medidas para esclarecer as denúncias contra os parlamentares ou impedi-los de concorrer nas eleições. “A culpa desses números é exclusiva dos partidos”, afirmou.
“Esses indivíduos deram demonstrações insistentes de que não poderiam ocupar cargos públicos. Essa é uma questão política que os partidos não querem atacar. Por isso temos tantos parlamentares envolvidos em denúncias em tão pouco tempo: os partidos não têm capacidade de intervir”, afirmou. O envolvimento dos parlamentares nesses casos não os impede de disputar mandatos eletivos em 2010.
Estados, Senado e partidos
Considerando deputados e senadores, a Bahia é o Estado com mais parlamentares envolvidos em escândalos desde janeiro do ano passado: são 15 entre seus 40 deputados e dois de seus três senadores. Em seguida aparece São Paulo, com 12 entre seus 94 deputados e um entre seus três senadores. Apenas Rondônia e Mato Grosso não têm nenhum parlamentar incluído no levantamento. Já Amazonas e Amapá têm todos os seus senadores na lista.
O partido com mais parlamentares envolvidos em denúncias é o PMDB, com 28 deputados e nove senadores. Entre os peemedebistas, apenas três senadores não disputarão estas eleições –um deles, Geraldo Mesquita (AC), renovaria seu mandato neste ano, mas desistiu para facilitar as composições no Estado. Os outros dois, assim como mais sete colegas de outras siglas, só terminam seus mandatos em 2015.
Considerando os congressistas de todos os partidos das coligações que apoiam a petista e o tucano, sem levar em conta os que contrariaram a orientação da cúpula de suas siglas, a situação fica a seguinte: entre os dilmistas -PT, PMDB, PSB, PDT e PCdoB, PR, PSC, PHS e PTC-, havia pelo menos 58 deputados e 18 senadores envolvidos em denúncias desde janeiro do ano passado.
Desses, apenas um deputado e cinco senadores, incluindo os rebeldes e aqueles com mandato para mais quatro anos, não serão candidatos em outubro. Nas últimas semanas, há relatos de candidatos que se inclinaram em favor da presidenciável de Lula, mas eles não tinham essa posição no início da campanha no rádio e na TV.
No caso da coalizão em torno de Serra –PSDB, DEM, PPS, PTB e PMN e PT do B–, havia 32 deputados citados em denúncias e 15 senadores que declararam apoio enquanto o presidenciável era líder nas pesquisas. O cenário para as duas alianças considera os apoios declarados até o início do horário eleitoral.
Envolvidos em escândalos divididos por Estados