Feixe de lenha

Feixe de lenha

 

Ai que saudade que dá

Daquelas que faz doer...

Mas que também me faz lembrar

Os tempos de criança

Que não posso voltar pra lá

Ficando apenas com a lembrança.

Ao amanhecer,

Ainda com o sereno cobrindo a pastagem

Sem esmorecer,

Mamãe diz: menino deixa de bobagem

Vá no mato, a lenha recolher.

 

Ai que saudade que dá

Daquelas que faz doer...

Das tantas léguas andando

Com sapato apertado

Ou a alpercata arrastando

Pelo mato recolhendo

A lenha e fazendo o feixe

Para carregar na cabeça

Enquanto a força deixe.

No curral espero o carro

Enquanto o frio me faz bater queixo.

 

Ai que saudade que dá

Daquelas que faz doer...

Mas não posso desprezar

As lições que me fizeram crescer.

Com essa mesma lenha o fogo vai acender

Pra cozinhar o alimento

Que a família vai comer.

Ai que saudade que dá

Daquelas que faz doer...

Mas voltar pra lá eu não quero

Bastam-me apenas, de lembranças viver.

 

Ai que saudade que dá

Daquelas que faz doer...

Da casa simples, de paredes descascadas

Da casa de farinha e do beiju

Do pé de juá, das umbuzadas

Da laranjeira e das caminhadas

Ai que saudade que dá

Das correrias,

Das correntezas escorregadias

Do banho de águas mornas

Mas também das águas frias.

 

Ai que saudade que dá...