Festejos juninos exigem cuidados redobrados contra queimaduras

Festejos juninos exigem cuidados redobrados contra queimaduras

 Mês de junho é o período com o maior número de pessoas vítimas de queimaduras

Todo São João o cenário se repete. As fogueiras são acesas nas ruas e os fogos de artifício ganham os ares. Apesar da beleza, tanto fogueiras como fogos podem representar riscos, principalmente para as crianças - que podem pisar nas cinzas ainda quentes ou se acidentar na hora de soltar os rojões. "Não existem fogos de artifício inocentes. Todos são potencialmente danosos à nossa integridade física, à nossa saúde", alerta o diretor do Hospital Regional Tarcísio Maia, Ney Robson.

Segundo ele, o mês de junho é o período do ano no qual é registrado o maior número de pessoas vítimas de queimaduras - o outro com grande incidência é o das férias escolares. 

"Potencialmente, todos os fogos de artifício são perigosos. Vamos dar o exemplo do traque de massa. Aparentemente, ele é inofensivo, mas é muito difícil uma criança manusear apenas um traque de massa. Há um somatório da carga de pólvora que torna esses fogos de artifício tão perigosos quanto bombas ou rojões", revela o médico. 

"O ideal - do ponto de vista médico - é que as pessoas não manuseassem fogos de artifício e nem acedessem fogueiras. O que precisamos é conciliar o aspecto cultural com os cuidados básicos que precisam ser tomados quando do manuseio de fogos de artifício e fogueiras", explica. 

Alguns cuidados que podem ser tomados para evitar que queimaduras causadas por fogos de artifício ocorram são: não segurar os fogos de artifício com as mãos; não tentar acender os fogos que falharem; disparar os fogos apenas ao ar livre e um de cada vez; não deixar as crianças manusearem os produtos; evitar soltar os fogos perto de hospitais ou sob a copa de árvores; conferir o certificado de garantir do produto; e nunca associar bebida alcoólica ao uso de fogos. 

De acordo com o médico, em caso de queimadura, a região afetada deve ser lavada com água corrente ou soro fisiológico e protegida com uma compressa úmida. Nada de aplicar creme dental, borra de café ou outras receitas caseiras, que apenas pioram o quadro (provocando infecções, por exemplo). Como os tecidos atingidos costumam inchar, é fundamental retirar anéis, pulseiras e relógio. Sangramentos podem ser estancados envolvendo-se o local com pano limpo úmido. O paciente deve ser levado ao médico imediatamente, pois somente o profissional pode fazer uma avaliação completa do quadro e determinar o tratamento correto. 

Cerca de 70% dos atendimentos envolvendo acidentes com fogos de artifício são de queimaduras - 20% correspondem a lesões com cortes e 10% a amputações dos membros superiores. Os maiores atingidos são homens com idade entre 15 e 50 anos e crianças de quatro a 14 anos. 

Há três tipos de queimaduras: a de 1°, 2° e 3° graus. A queimadura de 1° grau é a mais dolorosa, pois queima somente a pele superficialmente. As de 2° grau são aquelas que formam bolhas na pele e são acarretadas por água e vapores quentes. A de 3° grau não cria bolhas, queima toda a pele (derme e epiderme) e as terminações nervosas, por isso não provocam dor.

Ney Robson explica que o melhor é prevenir não somente durante o mês de junho, mas todo o tempo. "Em casas com criança, é importante evitar que ela fique na cozinha durante a preparação de alimentos; o cabo da panela deve sempre ser virado para o lado da parede para evitar que vire; o registro do gás deve estar sempre desligado; álcool em casa, somente em gel, e quando for limpar eletrodoméstico é necessário desligar".