Marina avança mas Dilma ainda venceria no 1o turno--CNI/Ibope

 

Por Natuza Nery

BRASÍLIA (Reuters) - O cenário da eleição está estável segundo a nova pesquisa do Ibope divulgada nesta quarta-feira. A candidata do PT, Dilma Rousseff, venceria no primeiro turno com 55 por cento dos votos válidos.

A vantagem da petista sobre seu adversário do PSDB, José Serra, nas intenções de voto é de 23 pontos percentuais (50 por cento a 27 por cento), enquanto a diferença dela para a soma de todos os candidatos é de 9 pontos percentuais.

Segundo os dados da sondagem --encomendada pela Confederação Nacional da Indústria--, Marina Silva, do PV, é a única candidata que vem crescendo desde 27 de agosto. Tinha 7 por cento naquela data; subiu para 8 por cento, depois para 11 por cento, 12 por cento e, agora, está em 13 por cento.

O desempenho dela capturado pela série do instituto indica que sua performance será, de fato, decisiva para levar ou não a disputa ao segundo turno.

Na sondagem divulgada no dia 27 do mês passado, Dilma tinha 51 por cento. Sustentou esse patamar por duas rodadas consecutivas e, desde a última apuração, está em 50 por cento.

Serra, na mesma ocasião, tinha 27 por cento; repetiu o patamar uma vez, depois passou para 25 por cento; subiu a 28 por cento e, agora, chega a 27 por cento.

Na conta dos votos válidos, Dilma caiu de 59 por cento (27 de agosto) para 55 por cento agora. A piora na sua performance deu-se pelo "fator Marina".

O diretor da CNI, Rafael Lucchesi, afirmou que o escândalo envolvendo a ex-ministra Erenice Guerra não mexeu no quadro eleitoral.

Pesquisa do Datafolha, porém, indicou que pode, sim, ter havido impacto do episódio sobre Dilma, fazendo-a chegar no limite de sua chance de vitória em 3 de outubro nas aferições deste instituto. Parte de seus votos teriam ido para o tucano e para a candidata do PV, em sua maior parte.

"(O caso Erenice) pode ter tido um impacto grande na opinião pública, mas não se refletiu objetivamente no quadro eleitoral", disse Lucchesi.

Num eventual segundo turno, Dilma teria 55 por cento dos votos, enquanto Serra, 32 por cento.

Outro dado é didático para analisar o "fator Marina". Sua rejeição foi a única que caiu de forma contínua. Em março, era de 41 por cento. Agora, 28 por cento. Dilma, naquele mês, também tinha 41 por cento de rejeição, caiu ao mais baixo patamar (23 por cento) em junho. Agora, porém, subiu para 27 por cento.

José Serra tinha 25 por cento de rejeição em março; subiu para 30 em junho e, agora, está com 34 por cento.

No quadro estimulado para o primeiro turno, brancos e nulos somam 4 por cento. Indecisos somam outros 4 por cento.

Já no quadro espontâneo, em que nenhuma lista é apresentada ao entrevistado, o número de indecisos é bem maior: 18 por cento.

Nesse cenário livre, Dilma possui 44 por cento; Serra, 21 por cento e, Marina, 10 por cento. Lula, embora não seja candidato, ainda recebe 1 por cento.

PODER DE LULA

Dono de um invejável nível de popularidade reiterado por pesquisas de opinião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua como mais poderoso cabo eleitoral desta eleição, com cerca de 47 por cento dos entrevistados afirmando que preferem votar num candidato apoiado por ele.

Mas a projeção de seu desempenho nos últimos meses mostrou que o presidente perdeu influência de março até agora. Naquela ocasião, 53 por cento preferiam votar em um nome que tivesse sua chancela.

Também cresceu, de 33 por cento para 41 por cento, o universo daqueles que não consideram o apoio de Lula. Somente 8 por cento dizem que preferem votar num candidato que faça oposição ao governo.

Chegou a 93 por cento o percentual de eleitores que dizem saber que Dilma é a candidata de Lula nestas eleições.