CONTOS DE LIMEIRA

11-08-2010 21:19

Contos de Limeira é um projeto onde estarei expressando textos em forma de contos. A finalidade é relatar um período em que vivi na Fazenda Limeira quando criança. Confira!

Contos

DESCULPAS

Gostaria de pedir desculpas àqueles que buscam a cada dia mais um conto aqui publicado. Tenho alguns em processo de conclusão para publicar aqui em breve. Grato pela atenção.

Caminhada

Caminho noites Por estradas e veredas Seguindo pessoas Que me levam para onde não quero ir Nem me dizem para onde vão me levar. Sei que caminho, Horas e mais horas Devagarinho, sem descansar. Descansar é preciso Quero parar, avaliar a distância Avaliar a caminhada, Se devo continuar por esta...

Quem me leva?

Quero sair, Quem me leva? Quero voar, nadar, pular, brincar... Quem me leva? Ninguem me quer Ninguem me ama... Sou criança birrenta Querem me deixar na cama. Quero ser companhia Quero colo, Quero dar alegria Quem me leva? Para o mato fazer pipi Nas noites de lua cheia Onde o galo canta na...

Carro quebrado

Lobisomem, visagem, Assombração... Desperta no menino Que tem medo de escuridão.   A viagem interrompida Na descida da ladeira Sem bebida nem comida De volta da feira.   O medo e a fome Se juntam pra piorar A situação agonizante Que o menino está.   Entre mato e escuridão Nem a lua...

Banco pra dois

Um para lá... E um para cá... Os dois juntos Vão jantar. Nas pontas do banco Eles estão Entre eles ninguém pode sentar. Leite, pão e bolacha É a merenda preferida. Pirão de água e carne seca Sempre é bem servida. Um para lá... E um para cá... Entre eles ninguém pode sentar.

Pescaria

Como dói sentir fome E como brincadeira de criança Sem rumo, sem hora pra voltar Com uma vara na mão, Saem para pescar. É compromisso firmado Estou grande Tenho obrigação. Assim eu penso Com uma vara na mão... Levo peixe para meu irmão Nas águas rasas do rio Sem camisa, sentindo frio... Na sombra...

Não tive aula

Sol quente na moleira Todo dia vou pra escola Subindo e descendo ladeira Se não tem aula, então jogo bola.   Todos juntos, Pelo corredor vão se encontrando Se não tem aula pouco importa, O saber estou buscando.   A professora é aplicada Sua aula quer dar Mas seu namorado de folga, Sempre...

Corte de cabelo

  Depois de andar Léguas e léguas, Caatinga a dentro, Pelas veredas e transpondo riacho Pulando cercas Ou passando por baixo. Cruzando velame, jurubebas, mata-pasto... Cutucando a casa de marimbondo Vespa sagaz e venenosa Sem piedade deixa uma ferroada E atendendo ao conselho Da velha...

Tamarindeiro

  Do alto... Bem lá do alto. Os galhos fracos permitem que colha Mas, bem ligeiro Do tamarindeiro A fruta azeda Que enche a boca d’água, O porquinho de moeda, No fim de semana Depois de vender Pra Dona Aidê Fazer geladinho. Com dificuldade levei pra cidade Sem ter vergonha De pedir pra Dona...

Feixe de lenha

  Ai que saudade que dá Daquelas que faz doer... Mas que também me faz lembrar Os tempos de criança Que não posso voltar pra lá Ficando apenas com a lembrança. Ao amanhecer, Ainda com o sereno cobrindo a pastagem Sem esmorecer, Mamãe diz: menino deixa de bobagem Vá no mato, a lenha...
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